Linea | Do que você gosta?

“A única razão do gosto é o gosto.”

Félix Lope de Vega

 “Discutir gostos é tempo perdido; não é belo o que é belo, mas aquilo que agrada.”

Carlo Goldoni 

Muito se pode falar sobre nossos gostos e opiniões, no entanto, é importante diferenciar o que chamamos de gosto, das características reais daquilo que gostamos, porque quando se trata de gostos pessoais, não se pode chegar a uma verdade absoluta.

Podemos ser surpreendidos por uma música que toca ao acaso, e podemos gostar imediatamente, ou não. Podemos gostar inicialmente e depois odiar, ou gostar cada vez mais com o tempo.

É difícil determinar com certeza o que define nossos gostos e opiniões: as influências que sofremos desde pequenos, as pessoas que nos cercam ou que inspiram admiração. E nem sempre se pode explicar coerentemente porque se gosta ou não de determinada coisa, às vezes, há razões objetivas, às vezes não. Há coisas que nos agradam, que nos fazem se sentir bem e que, se não fossem nosso senso crítico, diríamos “eu realmente gosto disso”, mesmo que ninguém goste, mesmo que não haja uma razão para gostar, porque o faz se sentir bem, porque de alguma maneira isso o agrada.

Se afinal, nossos gostos não são sempre uma escolha consciente, por que deveríamos ser definidos por eles? Eles mudam e se transformam e por isso não devem servir como padrão para definir uma pessoa.

Eles fazem parte dela, mas nem por isso a definem. Os seres humanos são complexos demais para serem definidos por sua forma de vestir, pela música que ouvem e pelos livros que leem. Tudo isso tem um papel importante em quem eles se tornam, mas não só isso.

Talvez só se possa se ser realmente quem se é, se nos permitimos gostar do que realmente gostamos sem restrições, podemos mudar de opinião, de gosto, podemos nos arrepender, afinal, há sempre modas terríveis, mas pelo menos, naquele momento fomos verdadeiros.

Além disso, o melhor de tudo isso é poder se surpreender a cada dia com um novo gostar, poder gostar daquilo que ainda não se conhece, compartilhar aquilo que já se gosta e gostar cada vez mais e de coisas mais diferentes.

Você se permite gostar do que gosta ou você escolhe o que gosta? Há ou não uma razão para se gostar do que se gosta?